Meus queridos leitores,

Eu não sei o que fazer com Dóris.
Ela era apenas um personagem secundário, aliás, nem isso, era a auxiliar de um personagem secundário, uma figurante, nem nome deveria ter, mas acabou ganhando não só o nome como várias cenas.
Suas cenas aliás, pouco tinham a ver com o protagonista, ela era apenas a secretária do presidente da empresa que fabricou o androide. Ela teve apenas umas duas interações com o protagonista, apenas umas situações cômicas cotidianas, nem sei porque eu insisti em continuar criando situações que mostrassem o dia a dia dela.
Ela é jovem, não sabe o que fazer com seus sentimentos, tem uma pequena crise com seus pais, é dedicada... nada que interfira na trama.
Foi irresistível, entre as ações centrais da trama, naquelas situações que só tinham a função de reforçar o realismo do cenário, apareciam as cenas com a Dóris, eu nem me dava conta que ela estava aparecendo tanto, mas agora, com o final chegando, eu não sei o que fazer com ela.
Por se tratar de uma obra de ação e mistério, acredito que vocês estão esperando por alguma surpresa que coloque a Dóris no caminho do androide, e provavelmente, com um final trágico, afinal, é tão frágil a coitadinha...
Mas eu não pensei em nada disso, eram apenas situações cotidianas mesmo, para humanizar o cenário, mostrar que, apesar de todos os avanços científicos, as pessoas que viviam nele eram iguais a vocês, leitores.
Tem outro problema também: muitos já devem estar esperando isso, a figurante sem valor nenhum, que só é citada gratuitamente de vez em quando, tendo um papel fundamental no desfecho da trama. Nem isso eu posso fazer porque seria um truque muito barato.
É isso, eu não sei o que fazer com essa personagem. Acabei me simpatizando com ela, criei os momentos dela, mas agora, ela tem um rumo que em nada bate com o do M32.
Será que vocês podem aceitar que ela é simplesmente um personagem que vive nesse mundo, sem nenhuma ligação com os rumos principais da trama?
Desculpem se criei expectativas, ou se acham que apenas desperdicei tempo de narrativa contando o que Dóris fazia ou deixava de fazer, mas é isso, ela é apenas uma figurante simpática e sem importância. Não acho justo ela servir de alvo gratuito no final só para amarrar a trama.
Tudo bem se eu encerrar a luta do M32 e deixar ela vivendo a vidinha dela?
Não vai ser uma vida lá muito sossegada, pois o M32 vai acabar com a empresa em que ela trabalha, e ela vai se ver desempregada em uma cidade grande, com aluguel para pagar, e nem o último salário ela vai receber, pois os chefões da empresa vão desaparecer depois do confronto final.
Mas que droga, Dóris. Me fez dar spoiler da história...



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Para argumentar quando alguém te perturbar.

Variações sobre o arquétipo de Sherlock Holmes

IRPGCast 43: Avatar e a criação de mundos - Comentários dos comentários