Cinco são mais eficientes do que cinco mil: Um estudo sociológico sobre legislação e atitude.

O interior paulista foi marcado, recentemente, pelo descarrilhamento de vagões de um trem, que resultou na trágica morte de oito pessoas que participavam de uma festa doméstica no final de semana.

Jardim Conceição, em São José do Rio Preto, dia 24/112013

A tragédia gerou grande comoção popular, com debates na câmara dos vereadores, explicações da responsável pelo trânsitos de trens (América Latina Logística) e repercussão por todas mídias do interior paulista.
Porém, não só os acidentes com trens interferem na rotina urbana: grandes composições, que beiram uma centena de vagões, atravessam importantes ruas de várias cidades várias vezes por dia, bloqueando o trânsito por até 20 minutos, e não são raros os momentos em que o trem para, bloqueando o trânsito por tempo indefinido.


Com certeza, bem mais do que cinco mil pessoas estão esbravejando aos quatro ventos, cobrando a retirada de linhas férreas de áreas urbadas, abaixo assinados pedindo construções de viadutos sobre os trilhos, exigindo providências, denunciando em programas de tv e tudo o mais.
Mais do que cinco mil cidadãos, tentando das mais variadas maneiras, por mais do que cinco anos, e a situação permanece imutável.
Porém, o máximo que esses cinco mil fazem é falar e assinar.

Bastariam cinco, com uma atitude, para resolver esse problema em cinco meses.
Cinco que passassem do parlamento legal para a atitude ilegal: a destruição.


Com as ferramentas corretas, apenas cinco pessoas seriam capazes de destruir os trilhos em regiões urbanas, em trechos afastados de residências.
Um descarrilhamento a cada cinco dias, em diferentes cidades, causados por apenas cinco pessoas.
Quanto prejuízo a ALL suportaria antes de investir o dinheiro que, com certeza, seria gasto em futuros descarrilhamentos, no desvio dos trilhos ou construções de passagens que não atrapalhem a rotina urbana?


Isso seria correto?
Ou é correto apenas aquilo que respeita a legislação?
A legislação é um conjunto de leis, criadas por membros de uma sociedade, para definir os procedimentos que devem ser adotados nas mais variadas situações para que se chegue a uma solução justa.
Mas e quando a legislação, além de não resolver problemas, serve apenas para transformar a justiça em prostituta nas mãos daqueles que podem pagar por ela? Quando a legislação é incorreta, é correto seguir a legislação?

Grandes mudanças históricas foram conseguidas por meio de atitudes, e não por meio de obediência à legislação.
Todos os feriados cívicos brasileiros homenageiam momentos em que as leis foram quebradas (ou momentos em que se tentou quebrar a lei).
O que faz o mundo seguir adiante são atitudes, e não apenas palavras, afinal, o que é uma ofensa verbal perto de um soco na sua cara?


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